A região vitivinícola de Trás-os-Montes (2 DOP Trás-os-Montes), situada no nordeste remoto de Portugal, é uma área de rica herança cultural e histórica, particularmente conhecida pela sua tradição secular na produção de vinho.
O cultivo da vinha em Trás-os-Montes é uma atividade com raízes profundas na história, com evidências de produção de vinho que remontam à época romana.
Delimitada pelas serras do Marão e Alvão e pelo rio Douro, Trás-os-Montes é uma região de paisagens deslumbrantes e de uma diversidade climática que favorece a viticultura, com solos predominantemente graníticos e manchas de xisto.
Trás-os-Montes está subdividida em três sub-regiões vinícolas: Chaves, Valpaços e Planalto Mirandês.
Estas áreas apresentam condições climáticas e de solo únicas, que contribuem para a produção de vinhos com características distintas. A região é notável pela variedade de castas cultivadas, destacando-se entre as brancas a Códega do Larinho, Malvasia Fina, Fernão Pires, Gouveio, Rabigato, Síria e Viosinho.
Entre as tintas, o Bastardo, Tinta Roriz, Marufo, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Estas castas resultam em vinhos tintos geralmente frutados e ligeiramente adstringentes, enquanto os vinhos brancos são caracterizados por sua suavidade e aromas florais.
Com cerca de 10.000 hectares de vinhas, distribuídos por aproximadamente 110 produtores, a região gera quase 3 milhões de garrafas de vinho certificado anualmente. Algumas áreas dentro da região vitivinícola de Trás-os-Montes também são classificadas como DOC (Denominação de Origem Controlada), embora não toda a região vitivinícola.
A região se orgulha de ter a vinha mais alta de Portugal, localizada em Montalegre, a uma altitude de 200 a 700 metros.
A diversidade de altitudes onde as uvas são cultivadas cria vinhos distintos, com aqueles produzidos em locais de alta altitude sendo mais leves, enquanto os de altitudes mais baixas são mais encorpados e com maior teor alcoólico.
Desde 1997, a Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes (CVRTM) tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento e promoção dos vinhos da região, contando atualmente com 62 associados. Estes esforços resultaram no renascimento da região vitivinícola e no incremento da qualidade dos vinhos produzidos.
Trás-os-Montes tem celebrado o seu legado vinícola através de eventos como o XI Concurso de Vinhos de Trás-os-Montes, que premiou diversos vinhos excepcionais. Entre eles, destacam-se o Head Rock Selected Harvest White 2017 e o Terras De Mogadouro Reserve Red 2017, ambos agraciados com Medalha de Ouro pela sua qualidade distintiva. Estes vinhos, junto com outros premiados, demonstram a rica paleta de sabores e aromas que a região pode oferecer, desde a mineralidade e notas frutadas e florais dos brancos até a complexidade, elegância e intensidade dos tintos.
Além disso, a sub-região de Chaves é conhecida por suas castas únicas e vinhas centenárias, com uma rica história vitivinícola evidenciada por achados arqueológicos e um terroir distinto de solos graníticos com manchas xistosas. Este patrimônio é complementado por uma gastronomia local que harmoniza perfeitamente com os vinhos produzidos na área, oferecendo uma experiência enogastronômica autêntica e profundamente enraizada na tradição local.
Estes elementos sublinham a singularidade dos vinhos de Trás-os-Montes, uma região que, apesar de menos conhecida em comparação com outras regiões vinícolas portuguesas, oferece vinhos de qualidade excepcional que refletem a diversidade e riqueza do terroir português.