Costumamos destacar que os vinhos portugueses são conhecidos pela sua elevada qualidade a preços, geralmente, bastante acessíveis. Por vezes, os preços são tão baixos que é difícil imaginar como é possível obter lucros vendendo uma garrafa de vinho a cerca de 3 euros.
No entanto, tal como acontece em qualquer mercado, também o mercado de vinhos conta com produtos premium. Nesta artigo, exploraremos os vinhos mais caros de Portugal.
O Pêra-Manca é um vinho emblemático do Alentejo, produzido pela Fundação Eugénio de Almeida, na Adega Cartuxa. Segundo a lenda, referida em crónicas do século XVI, este teria sido o vinho escolhido para celebrar o encontro entre a população indígena brasileira e o navegador Pedro Álvares Cabral em 1500.
O nome “Pêra-Manca” provém dos terrenos pedregosos e inclinados onde as vinhas eram cultivadas, sendo as pedras soltas responsáveis por “manquejar” o solo.
Originalmente pertencente à Casa Agrícola José Soares, que criou este famoso vinho no século XIX, o Pêra-Manca foi adquirido em 1989 pela Fundação Eugénio de Almeida. Desde então, foi implementado um projeto ambicioso para elevar este vinho a um nível de excelência.
Em 1990, foi produzido o primeiro Pêra-Manca oficial, que rapidamente se tornou lendário pela sua qualidade e foi distinguido com inúmeros prémios nacionais e internacionais.
Produzido apenas em anos de colheitas excecionais, o Pêra-Manca envelhece 18 meses em balseiros de carvalho francês e 36 meses em garrafa nas caves do Mosteiro da Cartuxa, conferindo-lhe um notável potencial de envelhecimento. Hoje, muito procurado no Brasil, é um símbolo do prestígio da vinicultura portuguesa.
Este vinho está disponível a partir de 400 euros por garrafa, mas encontra-se atualmente esgotado no site do produtor.
O Barca Velha é um dos vinhos mais prestigiados e raros de Portugal, um verdadeiro ícone do Douro e da enologia portuguesa. Produzido pela Casa Ferreirinha, foi lançado pela primeira vez em 1952 e, desde então, apenas 21 colheitas receberam a distinção de “Barca Velha”, conferida exclusivamente em anos de qualidade excecional. Este vinho tornou-se assim uma referência única e de excelência.
O lançamento do Barca Velha de 2015 foi muito aguardado, pois marcou o regresso deste vinho ao mercado, após uma colheita de alta qualidade, caracterizada por um verão seco e quente, que resultou num vinho com uma estrutura complexa e um grande potencial de envelhecimento.
Com um preço elevado e produção limitada, o Barca Velha é muito procurado por colecionadores e apreciadores que valorizam a sua história e qualidade inigualável. Representa o melhor do Douro e é amplamente reconhecido a nível mundial pela sua elegância e longevidade.
Atualmente, este vinho tem um valor a partir de 800 euros por garrafa.
Embora menos conhecido que os vinhos anteriores, o Vinho Tinto Júpiter tem um preço ainda mais elevado, podendo ultrapassar os 1.000 euros por garrafa. Este vinho é um exclusivo alentejano, parte do projeto “Wines From Another World”.
Das 800 garrafas produzidas, 200 estão reservadas para provas futuras e para compor uma caixa especial com nove vinhos; outras 200 foram incluídas no portefólio da OENO, uma empresa inglesa de investimentos em vinho.
As restantes 400 garrafas já estão vendidas ou alocadas, entre clientes particulares, investidores, restaurantes e hotéis, sendo cerca de 30% compradores portugueses.
Produzido com castas raras como Moreto e Trincadeira, cultivadas em vinhas de mais de 90 anos na Herdade do Rocim, o Vinho Tinto Júpiter representa o compromisso de elevar os vinhos portugueses no panorama internacional, consolidando-se como uma opção colecionável e de prestígio.
Esperamos que, num futuro próximo, a lista de vinhos portugueses premium com preços superiores a 700 euros seja ampliada, pois Portugal possui um vasto leque de vinhos únicos e de elevada qualidade. Afinal, “como o vinho, a sabedoria vem com o tempo”.