Conferência: “O Vinho como Agregador Social – Valor Militar do Vinho”

vinho e militar

No dia 28 de fevereiro de 2025, a Fundação Gramaxo, em parceria com a Confraria do Vinho Verde, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes e a Real Confraria Gastronómica das Cebolas, promove uma conferência sobre um tema pouco explorado: o papel do vinho como elemento de coesão social e seu valor histórico em contextos militares.

O evento terá lugar na Casa da Eira, na Maia, a partir das 18:00, com duração de 90 minutos

A conferência faz parte de um ciclo de debates anuais que pretende analisar a importância do vinho não apenas como produto económico e gastronómico, mas também como um símbolo de identidade e ferramenta de interação social ao longo dos tempos.

Desde as legiões romanas até às tropas portuguesas nas campanhas ultramarinas, o vinho acompanhou soldados e comunidades, influenciando hábitos, rituais e decisões estratégicas.


Com uma classificação etária a partir dos 12 anos e bilhetes a 4,50€, este evento destina-se a todos os que se interessam pela história do vinho e pela sua influência na sociedade ao longo dos tempos.

Para os interessados em vinhos e história, esta é uma oportunidade para conhecer um lado menos explorado desta bebida. Os bilhetes já estão disponíveis.



Vinho e Guerra: Uma Ligação Histórica

vinhos portugueses ao mundo


O vinho e a guerra estiveram frequentemente associados, quer como fonte de sustento para soldados, quer como elemento de diplomacia ou até de motivação. Alguns factos históricos ilustram esta relação:

O Vinho no Estado Novo e nas Tropas Portuguesas


Durante o Estado Novo (1933-1974), o vinho foi amplamente promovido como um produto nacional e essencial para o soldado português. Durante as campanhas ultramarinas, especialmente em Angola, Moçambique e Guiné, muitos militares portugueses consumiam vinho como forma de ligação às suas origens e para aliviar a dureza da guerra.

O Vinho nas Legiões Romanas


Os soldados romanos recebiam uma rácio diária de vinho, diluído em água para prevenir infeções. O vinho era considerado um bem essencial, tal como o pão e o azeite, sendo utilizado também como antisséptico para ferimentos. O historiador romano Plínio, o Velho menciona que o vinho ajudava a manter a moral e a evitar doenças como a disenteria.

A Influência do Vinho nas Cruzadas


Durante as Cruzadas (séculos XI-XIII), os cavaleiros cristãos consumiam vinho regularmente, especialmente os Templários, que acreditavam que a bebida fortalecia o espírito e dava coragem antes das batalhas. Algumas ordens militares produziam o seu próprio vinho, especialmente nas regiões da Península Ibérica e no Levante.

O Tratado de Methuen e o Papel do Vinho Português


O Tratado de Methuen (1703), assinado entre Portugal e a Inglaterra durante a Guerra da Sucessão Espanhola, favoreceu a exportação de vinho português em troca de produtos têxteis ingleses. Durante as campanhas napoleónicas, o vinho do Porto tornou-se essencial para os oficiais britânicos, pois era mais duradouro do que outros vinhos e resistia melhor às longas viagens marítimas.

Vinho e as Tropas de Napoleão


Napoleão Bonaparte, um apreciador de vinho da Borgonha, acreditava que a bebida tinha efeitos medicinais e estimulantes sobre os seus soldados. De acordo com registos históricos, os soldados franceses bebiam vinho regularmente para compensar a falta de água potável e manter a moral alta. Napoleão chegou a afirmar:“O vinho é uma bebida que reforça a coragem e melhora a alma do homem.”

Vinho na Primeira Guerra Mundial


Durante a Primeira Guerra Mundial, os soldados franceses e italianos recebiam vinho como parte das suas rações diárias, enquanto os britânicos tinham acesso a cerveja. O vinho ajudava a reduzir o stress e o medo nas trincheiras.