Imagine-se num elegante restaurante, pronto para saborear um vinho delicioso, e descobrir que o que está a beber é uma imitação barata.
A falsificação de vinhos é um problema crescente. Além de prejudicar a reputação dos produtores honestos, esta prática pode colocar a saúde dos consumidores em risco.
Em resposta a esse problema, técnicas avançadas, como a determinação da razão isotópica da água, têm-se mostrado essenciais na identificação de vinhos falsificados.
O Que É a Determinação da Razão Isotópica?
Vamos simplificar: a razão isotópica da água funciona como um “detetive” do vinho. Analisa as proporções de isótopos de oxigénio e hidrogénio na água do vinho, e estas proporções funcionam como impressões digitais que revelam a origem real do vinho.
Cada região do mundo tem uma “assinatura” única em termos de água, influenciada pelo ambiente e pelo ciclo hidrológico.
A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) reconheceu a importância desta técnica e, no seu compromisso com a qualidade e autenticidade dos vinhos, lançou a iniciativa “12 Meses, 12 Resoluções”.
2016-2019: Os casos de falsificação em Portugal começaram a aumentar. Em 2018, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) fez várias apreensões significativas de vinhos adulterados, que incluíam a adição de água e outras substâncias para alterar o volume e o sabor do vinho. Durante este período, as autoridades também começaram a utilizar técnicas analíticas mais avançadas para detectar fraudes, como a determinação da razão isotópica da água.
2020-2022: A pandemia de COVID-19 teve um impacto duplo. Por um lado, a crise económica levou a um aumento na procura por vinhos a preços mais baixos, o que pode ter incentivado a falsificação. Por outro lado, as restrições e lockdowns dificultaram a fiscalização e as inspeções. Em 2021, a ASAE intensificou as suas operações e realizou várias ações para combater a falsificação, resultando na apreensão de grandes quantidades de vinho adulterado.
2023: A falsificação de vinhos tem sido um desafio crescente em Portugal, com um aumento nas operações da ASAE para combater práticas fraudulentas. A fraude mais comum inclui a alteração de rótulos e a adição de água para aumentar o volume do vinho.
Os truques mais frequentes são a adição de água para enganar no volume e sabor, além de rótulos falsos que fazem com que pague caro por um vinho que não corresponde à sua verdadeira origem.
É essencial que produtores, autoridades e especialistas trabalhem juntos para manter a integridade do mercado. A batalha contra vinhos falsificados é como uma corrida de obstáculos: exige inovação constante e colaboração.
Por isso, da próxima vez que levantar uma taça, saiba que a tecnologia está a trabalhar arduamente para garantir que o vinho que está a apreciar é tão autêntico quanto o momento especial que está a vivenciar.