Rodolfo Baldaia de Queirós: A importância dos Vinhos Certificados

rodolfo baldaia conferencia

Continuamos os nossos artigos sobre a conferência “Desafios e oportunidades para o setor do vinho – Vem aí uma crise vitivinícola sem precedentes?”, realizada no Porto e organizada pela ANCEVE – Associação Nacional de Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas, em parceria com a Universidade Portucalense.

conferencia o porto

Selecionámos aqui os momentos mais significativos e importantes, na nossa opinião, do discurso de Rodolfo Baldaia de Queirós, presidente da CVR da Beira Interior desde 30 de novembro de 2018.

rodolfo baldaia de queiros 1

“…Eu diria que há dois pontos importantes que devemos considerar e que já temos vindo a refletir em conjunto.

O primeiro, e acho que é um consenso, é a necessidade de reforçar a fiscalização.

É essencial haver uma maior colaboração entre as diferentes entidades, para garantir um controlo mais eficaz sobre os vinhos que circulam entre as regiões e, neste caso, entre países.

Este controlo é fundamental.

Por outro lado, temos de refletir sobre a questão das novas plantações e autorizações. Até que ponto faz sentido continuar com o modelo atual?

Será que não deveríamos adotar um modelo ligeiramente diferente? É uma questão que merece uma análise mais aprofundada.

Além disso, apesar da conjuntura atual, que tem sido bastante desafiadora para o setor – com o que poderíamos chamar de uma “tempestade” no setor vitivinícola – é importante lembrar que temos tido campanhas muito boas nos últimos anos.

Se as condições fossem um pouco diferentes e tivéssemos mais duas boas campanhas de produção, talvez o problema não se colocasse com tanta gravidade.

Mas a realidade é o que é, e precisamos de continuar a apostar fortemente na promoção internacional dos nossos vinhos.

Talvez também seja necessário fazer uma reflexão interna, a nível das regiões e do setor vitivinícola em Portugal, para determinar como devemos abordar esta promoção. O modelo atual tem sido um sucesso, sem dúvida.

Nos últimos 30 anos, Portugal cresceu significativamente neste setor. No entanto, creio que é altura de refletir e considerar abordagens distintas, pois o mundo não pára. Há mercados emergentes, enquanto outros podem estar em declínio.

Devemos talvez direcionar os nossos esforços para novos mercados e repensar o investimento noutros.

Por fim, gostaria de reforçar a importância dos vinhos certificados. As denominações de origem e as indicações geográficas continuam a ser essenciais, não apenas para garantir a autenticidade e a genuinidade dos nossos produtos.

Também porque, quando alguém compra uma garrafa de vinho com denominação de origem no Brasil ou nos Estados Unidos, uma parte desse dinheiro vai diretamente para o viticultor no Alentejo, em Trás-os-Montes, na Beira Interior ou noutra região.

No caso de um vinho sem denominação de origem, esse dinheiro não se sabe para onde vai…”