O Comité Européen des Entreprises Vins (CEEV) lançou um apelo urgente à Comissão Europeia para garantir que o vinho, incluindo os vinhos aromatizados, seja parte integrante do pacote comercial em negociação com os Estados Unidos.
O alerta surge após informações preocupantes sobre a possível exclusão deste produto emblemático do novo acordo transatlântico.
Exclusão em Perspetiva: Um Golpe para o Setor
A exclusão do vinho das negociações comerciais UE-EUA representa uma ameaça séria a um dos pilares da agricultura europeia.
“Estamos profundamente preocupados com a exclusão potencial do vinho da lista de bens sensíveis incluídos no pacote de negociação”, afirmou Marzia Varvaglione, presidente do CEEV.
A responsável sublinhou que o setor vinícola enfrenta já enormes desafios e que a aplicação de uma tarifa ad valorem por parte dos EUA só agravaria a crise, colocando em risco milhares de produtores e vinhas por toda a Europa.
Os EUA: Mercado Vital para o Vinho Europeu
Os Estados Unidos continuam a ser o principal destino das exportações de vinho da União Europeia, representando 27% do valor total e 21% do volume exportado. A importância deste mercado não se mede apenas em números: é uma âncora económica para muitas regiões rurais europeias.
Atualmente, vigora uma tarifa de importação de 10%, imposta desde abril, que já provocou uma queda de 12% nas vendas. Com a desvalorização do dólar (15% face ao euro) e a possibilidade de aumento da tarifa para entre 17% e 20%, os prejuízos podem atingir 30% do volume de negócio.
Mais do que Estatísticas
O CEEV sublinha que a análise das relações comerciais entre UE e EUA deve ir além das estatísticas de exportação.
O impacto positivo do vinho europeu na economia americana é, segundo o secretário-geral do Comité, Ignacio Sánchez Recarte, absolutamente evidente:
“As exportações de vinho europeu não prejudicam a economia dos EUA — pelo contrário, sustentam-na. Graças ao sistema de três níveis (produtor, distribuidor, retalhista), estima-se que por cada dólar gerado por vinho europeu nos EUA, os setores norte-americanos da distribuição e da hotelaria lucram 4,50 dólares.”
Assim, os cerca de €4,88 mil milhões de vinho exportado da UE para os EUA em 2024 geraram, aproximadamente, $22 mil milhões em receitas para empresas norte-americanas, beneficiando não apenas os importadores, mas também restaurantes, bares e retalhistas.
“Vinho é Uma Relação Win-Win”
O CEEV insiste que o vinho não pode ser tratado como moeda de troca. Deve, antes, ser reconhecido como um ativo estratégico e bilateralmente benéfico. O setor vinícola europeu e americano tem, historicamente, mantido uma posição conjunta contra as tarifas comerciais sobre vinho, promovendo um comércio livre, justo e com mercados abertos.
“O vinho é uma relação win-win que deve ser protegida, não enfraquecida”– reforça o comunicado.
Sobre o CEEV
O Comité Européen des Entreprises Vins representa os interesses das empresas produtoras e comerciantes de vinho da União Europeia, abrangendo vinhos tranquilos, espumantes, licorosos e aromatizados. Com sede em Bruxelas, integra 25 organizações nacionais de 13 Estados-Membros, incluindo a Suíça, o Reino Unido e a Ucrânia. Os seus membros são responsáveis por mais de 90% das exportações de vinho da UE, promovendo vinhos com e sem indicação geográfica, sendo essencialmente pequenas e médias empresas.
Como diz o velho provérbio português: “Quem planta vinhas, colhe amigos.” É tempo de plantar entendimento e colher prosperidade em ambas as margens do Atlântico.
