O 39.º Festival do Vinho Português, realizado no Bombarral, mais uma vez conquistou o coração dos amantes do vinho e da gastronomia.
Realizado num cenário idílico no parque central da cidade, o evento decorre de forma impecável, desde a organização da bilheteira até à iluminação e limpeza cuidadosa do recinto.
Claro, havia música no feriado, o que seria de um feriado sem ela?
O vinho e a música são ingredientes essenciais para o bom humor e umas boas férias.
Altas árvores centenárias forneciam uma sombra acolhedora, criando uma atmosfera mágica para os visitantes que começaram a chegar em grande número a partir das 19h00, muitos acompanhados por familiares e amigos.
Este ano, o festival incluiu também a Festa da Pêra Rocha, destacando ainda mais a rica produção agrícola da região.
Contudo, o foco principal continuou a ser o vinho, com a presença de produtores das regiões de Lisboa e Setúbal.
Entre as muitas novidades apresentadas, destacou-se a aguardente da Lourinhã.
Esta aguardente, única na sua produção em Portugal, impressionou com a sua complexidade e maturidade.
Durante a apresentação, um dos produtores explicou:
“— A Lourinhã é a única região demarcada para a produção de aguardentes vínicas de qualidade em Portugal.
Esta aguardente é produzida na região da Lourinhã, utilizando vinhos com características específicas, como elevada acidez e baixo teor alcoólico, que, após destilados, resultam numa rica aguardente.
Essa aguardente é então envelhecida em barris de carvalho nacional, carvalho francês e castanheiro.
No caso da nossa série clássica, o envelhecimento médio é de 14 anos.
— Interessante. Existem outras opções de envelhecimento?
— Sim, temos aguardentes com 14 anos de envelhecimento e outras mais jovens, com 5 e 6 anos, que são a nossa matriz, as nossas aguardentes mais jovens.
Além disso, temos uma gama superior. A aguardente Lourinhã, por exemplo, tem uma média de idade de 18 anos. É bastante tempo.”
A zona de restauração foi um dos grandes destaques do festival, oferecendo pratos variados para todos os gostos.
Os visitantes puderam não só saborear delícias gastronómicas, mas também adquirir produtos locais, como queijos, mel e charcutaria, promovendo assim a economia local e a diversidade de sabores da região.
Foi muito agradável conversar com os produtores de vinho. Como sempre, estávamos interessados na questão: por que é que os vinhos portugueses, de tão elevada qualidade, são vendidos tão baratos em Portugal?
Tomemos como exemplo o preço de um quilograma de uvas – num supermercado custa cerca de 2,5 a 3,5 euros por quilograma.
E, ao mesmo tempo, podemos ver uma garrafa de vinho português pelo mesmo preço!
Vamos agora calcular o custo da garrafa, do rótulo, da rolha, e do imposto, e verifica-se que estes custos são superiores a 2 euros.
Acontece que o trabalho dos enólogos para criar vinho está avaliado em menos de 1 euro?
Mas há vinhos que custam menos de 2 euros!
Simplesmente não conseguimos compreender e aceitar esta situação.
Afinal, seguindo tal política de preços, é mais rentável para os produtores de vinho vender uvas ou fazer sumo com elas, onde pelo menos o lucro é maior e o processo é muito mais simples.
Como gostamos muito dos vinhos portugueses e compreendemos o trabalho que envolve a criação destas magníficas bebidas, gostaríamos muito que o preço do produto não desvalorizasse o trabalho dos enólogos.
Além dos vinhos, a sidra de Bombarral foi uma das atrações, destacando-se pelo seu sabor refrescante e teor alcoólico moderado, ideal para os dias quentes do festival
O festival incluiu ainda um concurso de vinhos, sob a coordenação do enólogo José António Fonseca, foram apresentados 37 vinhos engarrafados.
A avaliação dos vinhos baseou-se em critérios rigorosos, como a tonalidade e limpidez da cor, harmonia e pureza no olfato, e corpo e intensidade no paladar e etc.
Os prémios serão entregues no jantar de gala desta sexta-feira, 16 de agosto, onde os vencedores receberão diplomas e troféus.
Mais informações sobre o concurso de vinhos estão aqui
O 39.º Festival do Vinho Português e Feira Nacional da Pera Rocha, realizado no Bombarral, revelou-se mais uma vez como um evento marcante no calendário cultural e gastronómico de Portugal.
O festival continuará a ser um símbolo de orgulho para os seus habitantes e uma experiência inesquecível para todos os que têm o privilégio de o vivenciar.