A Beira Interior, reconhecida como uma das regiões vitivinícolas mais distinguidas de Portugal, destaca-se tanto pela sua rica história quanto por sua geografia única.
Esta região é amplamente conhecida pela qualidade de seus vinhos, cuja tradição remonta à época romana, sendo significativamente desenvolvida no século XII pelos monges de Cister.
Localizada no coração do interior norte de Portugal, perto da fronteira com Espanha, a Beira Interior é a região mais montanhosa do continente português. Engloba serras como Marofa, Gardunha e parte da Serra da Estrela.
O clima aqui é marcado por uma influência continental extremada, com grandes variações de temperatura diárias, verões curtos, quentes e secos, e invernos prolongados e frios. Essas condições climáticas são ideais para a vinicultura, proporcionando características únicas às uvas cultivadas nesta área.
Os solos são predominantemente graníticos, com a presença de xisto e, em menor quantidade, areia. Essa composição contribui para a acidez e robustez das maturações das uvas, garantindo vinhos de alta qualidade e com um grande potencial de envelhecimento.
A Beira Interior é dividida em três sub-regiões:
- Castelo Rodrigo,
- Pinhel
- Cova da Beira.
As sub-regiões de Castelo Rodrigo e Pinhel, separadas por montanhas altas, compartilham características similares de solo e clima, o que resulta em vinhos com perfis semelhantes. Por outro lado, a Cova da Beira, estendendo-se dos contrafortes da Serra da Estrela até ao vale do Tejo, exibe características diferenciadas, proporcionando uma diversidade interessante nos vinhos da região.
As castas brancas mais cultivadas incluem Arinto, Fonte Cal, Malvasia Fina, Rabo de Ovelha e Síria, enquanto as castas tintas predominantes são Bastardo, Marufo, Rufete, Tinta Roriz e Touriga Nacional.
A região é também conhecida por suas vinhas velhas, que são um tesouro para a produção de vinhos com grande complexidade e profundidade.
Além de sua importância vitivinícola, a Beira Interior é rica em patrimônio cultural, incluindo vestígios romanos como lagares talhados nas rochas graníticas.
A qualidade excepcional dos vinhos da região levou à implementação de medidas de proteção durante os reinados de D. João I e D. João III, evidenciando a relevância histórica e social dos vinhos desta região.
A Beira Interior não só desempenha um papel crucial na viticultura portuguesa devido às suas condições geográficas e climáticas únicas, mas também possui um patrimônio histórico que enriquece sua identidade.
Explorar essa região é descobrir um segmento vital da história e da cultura vitivinícola de Portugal, marcado pela excelência e pela tradição que continua a influenciar o cenário vinícola atual.