O Impacto do Vinho Tinto na Saúde: O Que Dizem os Estudos

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O impacto do consumo de vinho tinto na saúde tem sido tema de debates contínuos entre a comunidade científica. Um estudo recente e abrangente, intitulado “Health Effects of Red Wine Consumption: A Narrative Review of an Issue That Still Deserves Debate”, conduzido por Mauro Lombardo e colaboradores, trouxe novas evidências relevantes sobre o tema. Publicado em 2023, o estudo analisou 91 ensaios clínicos randomizados (RCTs) para investigar os efeitos agudos e crónicos do consumo de vinho tinto em diversos parâmetros de saúde.

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A análise de Lombardo e sua equipa revelou que o consumo moderado de vinho tinto pode ter impactos positivos em diversas áreas de saúde, incluindo:

Estado Antioxidante e Redução do Stress Oxidativo:

O vinho tinto, rico em polifenóis como o resveratrol, demonstrou melhorar os níveis de antioxidantes no organismo, ajudando a combater o stress oxidativo, fator ligado ao envelhecimento precoce e a diversas doenças crónicas.

Função Cardiovascular e Coagulação:

Foi observada uma melhora em marcadores de coagulação e função plaquetária, potencialmente reduzindo o risco de trombose e melhorando a fluidez sanguínea.
Os resultados, no entanto, mostraram-se variáveis no que diz respeito ao controlo da hipertensão e à função cardíaca global.

Saúde Metabólica e Diabetes Tipo 2:

Em cinco dos sete estudos de longo prazo (6 meses a 2 anos), verificou-se uma modesta redução do risco cardiovascular, especialmente em pacientes com diabetes tipo 2.
O resveratrol demonstrou melhorar a sensibilidade à insulina e ajudar no controlo glicémico, contribuindo para uma melhor gestão da diabetes.

Inflamação e Função Imunológica:

Foram notados efeitos positivos na redução de marcadores inflamatórios, o que pode contribuir para a prevenção de doenças crónicas associadas à inflamação de baixo grau, como a artrite e algumas doenças autoimunes.

Perfil Lipídico e Saúde Arterial:

A ingestão moderada de vinho tinto foi associada a uma melhoria do perfil lipídico, com aumento do colesterol HDL (bom colesterol) e redução da oxidação do LDL (mau colesterol).
Microbiota Intestinal e Saúde Digestiva:

Observou-se uma modulação positiva da microbiota intestinal, com um aumento de bactérias benéficas, o que pode ter implicações em diversos aspetos da saúde, desde a digestão até o bem-estar mental.

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Um Debate em Evolução


O estudo de Mauro Lombardo contribui significativamente para o debate sobre os efeitos do vinho tinto na saúde, sugerindo benefícios potenciais quando consumido de forma controlada e responsável. No entanto, os próprios investigadores reconhecem a necessidade de ensaios clínicos randomizados de longa duração para validar e aprofundar essas conclusões, avaliando também os potenciais riscos.


Outras Exemplos de Benefícios do Vinho Tinto na Saúde


Diversos estudos reforçam a ideia de que o consumo moderado de vinho tinto pode trazer benefícios à saúde. Eis alguns exemplos adicionais:

Redução do Risco de Doenças Coronárias: Uma investigação publicada no European Journal of Epidemiology indicou que o consumo moderado de vinho tinto está associado a uma menor incidência de doenças coronárias, possivelmente devido ao aumento do colesterol HDL (o “bom” colesterol) e à redução da oxidação do LDL (o “mau” colesterol).

Melhoria da Sensibilidade à Insulina: Um estudo realizado pelo Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism observou que o resveratrol pode melhorar a sensibilidade à insulina, fator essencial na prevenção e gestão da diabetes tipo 2.

Saúde Cerebral e Prevenção de Demências: Pesquisas do Journal of Alzheimer’s Disease sugerem que os polifenóis presentes no vinho tinto podem ter efeitos neuroprotetores, ajudando a reduzir o risco de declínio cognitivo e doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.

Prevenção do Envelhecimento Precoce: O resveratrol, devido à sua ação antioxidante, também tem sido associado à proteção celular contra o envelhecimento precoce, ajudando a neutralizar radicais livres e a promover a longevidade celular.

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O Papel da Moderação

Como dizia Paracelso: “Todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja veneno. A dose certa diferencia um veneno de um remédio.”


Paracelso, alquimista e médico suíço-alemão do século XVI, destacou que a toxicidade de uma substância depende da quantidade administrada. Este princípio, conhecido como “a dose faz o veneno” (Die Dosis macht das Gift – em alemão), evidencia que qualquer substância pode ser benéfica ou prejudicial, dependendo da dose utilizada.

Paracelso introduziu o heléboro negro pela primeira vez na farmacologia europeia e prescreveu a dosagem correta para aliviar certas formas de arteriosclerose. Por último, ele recomendou o uso de ferro para “sangue pobre” e é creditado com a criação dos termos “química”, “gás” e “álcool”


Por isso é fundamental destacar que os benefícios do vinho tinto estão fortemente ligados ao consumo moderado. Alguns estudos indicam que uma dose considerada segura para adultos saudáveis seria o consumo de um copo de vinho por dia.

Mas isso não implica que essa quantidade seja segura para todos os indivíduos. Fatores como idade, sexo, condições de saúde e predisposições genéticas podem influenciar a forma como o álcool afeta cada pessoa.

Quantidades superiores podem não só anular os benefícios, mas também aumentar os riscos de outras doenças.


Além disso, o impacto do vinho tinto pode variar de acordo com fatores individuais como idade, histórico familiar e condições de saúde pré-existentes.

Assim, é essencial que o consumo do vinho e outras bebidas com alcool seja feito com responsabilidade.