No dia 10 de julho de 2024, em Vila Nova de Gaia, ocorreu o workshop “Tendências de Consumo e Barreiras ao Comércio de Vinhos”, organizado pela Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) no âmbito do Projeto Vine & Wine que faz parte das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial apoiadas pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência e pelos Fundos Europeus (NextGeneration EU), que teve a colaboração de Ignacio Sánchez Recarte, Secretário-Geral do Comitê Europeu de Empresas de Vinho (CEEV).
Este evento reuniu especialistas e representantes do setor para discutir as tendências emergentes no consumo de vinhos e os desafios enfrentados no comércio internacional deste produto.
O consumo global de bebidas alcoólicas tem mostrado variações significativas ao longo das últimas décadas.
De acordo com dados apresentados no workshop, o volume total de bebidas alcoólicas consumidas globalmente deve aumentar em 22,5 bilhões de litros entre 2024 e 2028, representando um crescimento de 7,76%.
No entanto, o consumo de vinho apresenta uma tendência específica: enquanto algumas regiões mostram aumento, outras, especialmente em mercados tradicionais, demonstram declínio ou estagnação.
Os dados revelam que o consumo de vinho tem mostrado uma evolução diferenciada em várias partes do mundo.
No mercado norte-americano, por exemplo, há uma preferência crescente por vinhos premium, especialmente aqueles acima de $12,00 por garrafa.
No entanto, vinhos de faixa de preço inferior a $9,00 têm enfrentado uma queda contínua em volume de vendas desde 2016.
Nos Estados Unidos, a diminuição no consumo de álcool entre jovens adultos pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a maior diversidade racial e étnica desta faixa etária, que tende a consumir menos álcool.
Além disso, o aumento do uso de cannabis e alucinógenos entre jovens adultos também contribui para essa mudança de comportamento.
Barreiras ao Comércio de Vinhos
O comércio de vinhos enfrenta várias barreiras, tanto dentro quanto fora da União Europeia. Algumas dessas barreiras incluem:
Regulamentações e Padrões Divergentes: Diferentes países têm padrões variados para a rotulagem e aditivos permitidos em vinhos, o que pode criar obstáculos significativos para exportadores que precisam adaptar seus produtos a múltiplos regulamentos.
Práticas Discriminatórias: Em mercados como o Canadá, existem práticas que favorecem produtores locais, como termos de pagamento mais longos para fornecedores estrangeiros e taxas diferenciadas para vinhos produzidos localmente.
Políticas Tributárias e Tarifárias: Tarifas elevadas e políticas fiscais desfavoráveis podem desestimular o comércio internacional. A discrepância nas taxas de imposto sobre vinhos entre diferentes países também é uma barreira significativa.
Questões de Embalagem: Normativas específicas sobre embalagens, como a obrigatoriedade de indicar a reutilizabilidade do material e instruções de descarte em idioma local, aumentam a complexidade e o custo de compliance para exportadores.
Para enfrentar essas barreiras, os participantes do workshop sugeriram diversas medidas, incluindo:
Harmonização de Normas: Trabalhar em conjunto para alinhar os padrões de rotulagem e aditivos permitidos, facilitando a conformidade para exportadores.
Redução de Tarifas e Impostos: Negociar acordos comerciais que reduzam ou eliminem tarifas e impostos discriminatórios.
Apoio a Práticas Sustentáveis: Incentivar práticas de produção sustentável e embalagens reutilizáveis que atendam às exigências regulamentares sem aumentar excessivamente os custos.
O workshop “Tendências de Consumo e Barreiras ao Comércio de Vinhos” destacou a complexidade do mercado global de vinhos e as diversas forças que moldam o consumo e o comércio deste produto.