O Preço de 0,42 €/litro: Uma injustiça que ameaça a sustentabilidade

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A Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal (FENADEGAS) emitiu recentemente um comunicado de imprensa, destacando a grave situação que o setor vinícola português enfrenta em 2024 devido à decisão de fixar o preço da destilação de crise em 0,42 €/litro.

Este valor, estabelecido para todo o vinho a ser destilado, independentemente da Denominação de Origem, está longe de cobrir os custos de produção, especialmente em regiões de montanha, e coloca em risco a sustentabilidade de inúmeros produtores.

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A FENADEGAS tem alertado o governo desde fevereiro de 2024 sobre o problema crescente do excesso de stock, em grande parte causado pelas importações desmedidas de vinho estranjeiro.

A organização sempre defendeu a necessidade de uma destilação de crise, mas esta deveria ser conduzida com base em princípios justos e com rigorosas medidas de fiscalização.

No entanto, a portaria n.º 179-A/2024/1, de 5 de agosto, definiu um preço de 0,42 €/litro para todo o vinho a destilar, um valor que a FENADEGAS considera inaceitável.

Este preço não leva em consideração as diferentes realidades regionais e os custos acrescidos que muitas regiões, como as de montanha, enfrentam. A falta de uma discriminação positiva para estas áreas é vista como um desrespeito pelos esforços de valorização do vinho realizados ao longo de décadas.

O preço estabelecido não só ignora os custos reais de produção, como também coloca os dirigentes das cooperativas de vinho em uma posição extremamente difícil.

Vender vinho a um preço tão baixo pode ser visto como gestão danosa, expondo-os a acusações de negligência, e ameaçando a viabilidade de suas operações.

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Além disso, a FENADEGAS aponta para um desrespeito flagrante pelas Denominações de Origem, que são desvalorizadas e colocadas em risco.

O esforço contínuo para valorizar e proteger as Denominações de Origem é subvertido por uma política que trata todos os vinhos de forma uniforme, sem considerar as especificidades e o valor agregado de cada região.

Com a chegada da vindima de 2024, a situação torna-se ainda mais crítica. A capacidade de armazenamento dos produtores está no limite, e a venda de vinho a preços tão baixos pode levar muitos à falência.

A FENADEGAS prevê que, sem uma solução justa e equilibrada, o setor enfrentará uma revolta generalizada dos agricultores, que não terão onde colocar suas uvas.

O preço de 0,42 €/litro estabelecido para a destilação de crise em 2024 levanta preocupações significativas sobre a viabilidade econômica para muitos produtores de vinho em Portugal. Embora a medida tenha sido concebida para aliviar a pressão sobre o mercado, é crucial que se considere as particularidades regionais e os custos reais de produção, especialmente em áreas de minifúndio e regiões de montanha.

A FENADEGAS sublinha a importância de uma abordagem mais equilibrada, que proteja tanto os interesses dos produtores quanto o valor das Denominações de Origem.

O diálogo entre as entidades governamentais e os produtores será essencial para encontrar soluções que possam mitigar os desafios atuais.