Em 2024, a produção vitícola na Região Demarcada do Douro apresentou resultados notáveis, atingindo níveis acima da média, impulsionados por uma combinação de condições climáticas favoráveis e boas práticas de gestão. Este ano vitícola destacou-se como o segundo mais produtivo desde 2014, segundo dados do Observatório Vitícola da ADVID.
O ano de 2024 registou condições climáticas que favoreceram o crescimento da videira e a maturação das uvas. O inverno foi marcado por temperaturas amenas e chuvas abundantes, que recarregaram as reservas hídricas do solo, um fator essencial para suportar a videira durante o verão seco e quente. Durante a primavera, as temperaturas mais elevadas do que a média histórica, especialmente em abril, estimularam o desenvolvimento precoce da vegetação, enquanto a elevada precipitação em março ajudou a fortalecer o crescimento das plantas.
O verão, embora quente e seco, não limitou o desenvolvimento da videira, pois as reservas hídricas acumuladas durante o inverno foram suficientes para manter a videira saudável. A vindima, que ocorreu de forma mais tardia, beneficiou de temperaturas amenas e precipitação reduzida em setembro, resultando numa colheita de elevada qualidade.
Apesar das condições favoráveis para a propagação de doenças devido à humidade no início do ano, o impacto de pragas e doenças foi significativamente baixo em 2024.
O míldio e o oídio, que são ameaças comuns, mostraram-se controláveis e de baixa incidência. Outras doenças, como o Black Rot, tiveram uma presença limitada e afetaram principalmente folhas em algumas áreas específicas.
As pragas também apresentaram menor intensidade, sendo a traça-da-uva e a cigarrinha-verde monitoradas de perto para evitar impactos na qualidade da uva.
A produção deste ano caracterizou-se por:
- Maior número de cachos por videira, comparável aos níveis elevados de 2019;
- Menor desidratação dos bagos em comparação com anos anteriores, o que preservou o peso e a qualidade das uvas;
- Alta produtividade em kg/videira, classificada como a segunda maior no histórico desde 2014, e a Tinta Roriz destacou-se como a casta com maior rendimento.
A colheita estimada para a Região Demarcada do Douro situa-se entre 232 e 264 mil pipas de mosto, consolidando-se como uma das maiores dos últimos anos.
As castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz mostraram características equilibradas em acidez, teor alcoólico e maturação fenólica, contribuindo para vinhos com elevado potencial de qualidade.
A elevada produção em 2024 reflete o bom uso das técnicas de monitorização e gestão adaptadas às condições climáticas e sanitárias, que beneficiaram tanto a quantidade quanto a qualidade da uva.
O ano vitícola de 2024 não se destacou apenas pela elevada produção na Região Demarcada do Douro, mas também refletiu mudanças interessantes no mercado e nos preços dos vinhos.
Dados recentes da comercialização de vinhos com denominação DOP e IGP no Douro mostram variações tanto na quantidade vendida quanto nos valores de mercado. Estas flutuações refletem, em parte, o impacto de uma colheita volumosa e de alta qualidade que influenciou o volume de negócios e os preços.
Entre janeiro e agosto de 2024, a quantidade de vinho comercializado com DOP (Denominação de Origem Protegida) e IGP (Indicação Geográfica Protegida) somou um total de 356.115 caixas de 9 litros, um decréscimo de 4,9% comparado ao período homólogo de 2023.
O volume de negócios associado a esta quantidade foi de 7.606 milhões de euros, também com uma queda de 5,2% no mesmo período.
Ainda assim, o preço médio do vinho subiu ligeiramente, alcançando 5,20 euros por litro, uma variação positiva de 0,3%.
No total anual móvel até agosto de 2024, o Douro registou 599.958 caixas de 9 litros comercializadas, um decréscimo de 3% comparado ao ano anterior.
O volume de negócios foi de 12.530 milhões de euros, apresentando uma queda de 3,2%. No entanto, o preço médio manteve-se estável, com uma leve subida de 0,2%, fixando-se em 5,32 euros por litro.
Observou-se uma variação nos volumes de vendas e nos preços entre os diferentes tipos de vinhos:
Vinhos do Porto: A quantidade caiu 8,6%, e o volume de negócios diminuiu 8,3%, com o preço médio apresentando uma leve variação negativa de 0,3%, em 5,48 euros/litro.
Vinhos do Douro: Este segmento registou um ligeiro aumento de 0,9% na quantidade vendida, enquanto o preço médio subiu 1,4%, atingindo 4,91 euros/litro.
Espumantes Duriense: Apresentaram um crescimento significativo de 36,9% na quantidade e uma variação positiva de 5,1% no preço médio, atingindo 5,31 euros/litro.