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Castas Tintas de Portugal: história, características e regiões

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Portugal, com a sua rica tradição vitivinícola, é uma terra de diversidade e inovação no mundo dos vinhos.

Entre os seus tesouros mais preciosos estão as castas de uvas tintas, cada uma com características únicas que refletem as distintas regiões e terroirs do país.

Das encostas íngremes do Douro às planícies ensolaradas do Alentejo, as castas portuguesas oferecem uma variedade impressionante de aromas, sabores e texturas.

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Vamos explorar as castas de uvas tintas mais emblemáticas de Portugal, destacando suas origens, características e o papel que desempenham na produção de alguns dos vinhos mais apreciados mundialmente.


Touriga Franca

Touriga Franca é a casta mais plantada na região do Douro, ocupando cerca de um quinto do encepamento total da região. Sua popularidade deve-se à extrema versatilidade, produtividade, equilíbrio e regularidade da produção, além da boa sanidade geral.

Representa aproximadamente 13% da área vitícola nacional​.

Desenvolve-se num ciclo vegetativo longo, proporcionando vinhos ricos em cor. Com cachos médios ou grandes, de bagos médios e arredondados, a Touriga Franca é um dos pilares dos lotes durienses, sendo crucial tanto no Vinho do Porto quanto nos vinhos de mesa.

Devido à alta concentração de taninos, contribui para o bom envelhecimento dos lotes onde participa. Produz vinhos de corpo denso e estrutura firme, mas elegantes, com notas florais de rosas, flores silvestres, amoras e esteva, frequentemente associada com as castas Tinta Roriz e Touriga Nacional.

Aromas típicos: rosas, flores silvestres, amoras, esteva


Tempranillo

O Tempranillo, também conhecido como Tinto Fino, Aragonês e Tinta Roriz, é uma casta de uva tinta originária do norte da Espanha. Em Portugal, é amplamente cultivada nas regiões do Dão e Douro.

Ocupa cerca de 7% da área vitícola nacional.

É uma casta precoce, vigorosa e produtiva, adaptável a diferentes climas e solos. Produz vinhos que combinam elegância e robustez, com fruta abundante e especiarias. Prefere climas quentes e secos, temperados por solos arenosos ou argilo-calcários.

Aromas típicos: frutos vermelhos, especiarias.


Aragonês

Aragonês, também conhecido como Tinta Roriz no Dão e Douro, é uma casta ibérica de destaque. É precoce, vigorosa, produtiva e adaptável a diferentes climas e solos, prosperando no Dão, Tejo e Lisboa. Controlando o vigor, produz vinhos elegantes e robustos, com frutas abundantes e especiarias. Prefere climas quentes e secos, com solos arenosos ou argilo-calcários.

Aragonês uma das variedades mais cultivadas em Portugal, representando cerca de 7% da área total de vinha do país.

Geralmente é utilizada em lotes, combinando bem com Touriga Nacional, Touriga Franca, Trincadeira e Alicante Bouschet.

Aromas típicos incluem notas florais e frutos silvestres.


Touriga Nacional

A Touriga Nacional é uma casta nobre e muito apreciada em Portugal, considerada a mais elogiada no país. No passado, dominava a região do Dão e era relevante no Douro antes da invasão da filoxera. Hoje, ambas as regiões disputam sua paternidade. Está disseminada pelo Alentejo, Lisboa, Bairrada, Setúbal, Tejo, Algarve e Açores, e ocupa cerca de 7% da área vitícola nacional.

Esta casta é conhecida pela pele grossa e rica em matéria corante, resultando em vinhos de cores intensas e profundas. A Touriga Nacional é reconhecida pela abundância de aromas primários, sendo simultaneamente floral e frutada, sempre intensa e explosiva. Apesar de ser pouco produtiva, produz vinhos equilibrados, com boas graduações alcoólicas e excelente capacidade de envelhecimento.

Os vinhos produzidos com Touriga Nacional são frequentemente utilizados em lotes, contribuindo para a complexidade e longevidade dos vinhos.

Aromas típicos: frutos silvestres, violetas, floral​


Castelão

Castelão é uma das variedades mais cultivadas no sul de Portugal, particularmente popular nas regiões do Tejo, Lisboa, Península de Setúbal e Alentejo.

Atualmente, ocupa cerca de 5% da área vitícola nacional.

É em Palmela, nas areias quentes do Poceirão e nas vinhas velhas da região, que a casta atinge seu melhor potencial. Desenvolve-se melhor em climas quentes e solos secos e arenosos. Castelão produz vinhos estruturados e frutados, com notas de groselha, ameixa em calda e frutos silvestres, além de nuances típicas de caça mortificada.

Apresenta taninos proeminentes e acidez intensa, revelando um lado rústico. Os melhores exemplares têm excelente capacidade de envelhecimento.

Aromas típicos: groselha, ameixa passa, frutos silvestres.


Trincadeira (Tinta Amarela)

Especialmente popular nas regiões do Alentejo e Douro, onde é designada por Tinta Amarela, a Trincadeira é uma casta difícil e vigorosa, necessitando de refreio permanente e cuidados extremos no controle da produção.

Representa cerca de 5% da área vitícola nacional. Os rendimentos são elevados, mas irregulares e imponderáveis.

Caracteriza-se por ter cachos médios e muito compactos, sendo extremamente sensível a doenças e à podridão. Adapta-se bem ao clima seco do Alentejo e partes do Ribatejo, onde frutifica exemplarmente. Os vinhos tendem a ser florais, mais vegetais quando a maturação é deficiente, ricos em cor e acidez, ligeiramente alcoólicos e com boas condições para envelhecer bem em garrafa. No Alentejo, é frequentemente emparelhada com a casta Aragonez.

Aromas típicos: groselha, ameixa passa, frutos silvestres.


Alicante Bouschet

Nascida do cruzamento entre Petit Bouschet e Grenache, esta casta é conhecida pela sua firmeza, taninos e cor intensa. De origem francesa, é a casta tintureira mais portuguesa de Portugal.

Ocupa cerca de 4% da área de vinha.

Usada de Norte a Sul, é valorizada pela capacidade de adicionar volume, estrutura e concentração aos vinhos, além de um grande potencial de envelhecimento. Casta bem adaptada ao Alentejo, onde se encontram vinhas centenárias.

Aromas típicos incluem frutos silvestres, cacau e azeitona


Baga

A casta Baga é responsável pelos melhores vinhos da Bairrada, sendo também importante nas Beiras e Dão, e menos significativa em Lisboa e Tejo. Vigorosa, com cachos pequenos e de maturação tardia, requer mondas diligentes e é suscetível à podridão. Prefere solos argilosos com boa exposição solar.

A casta Baga ocupa aproximadamente 4% da área vitícola total em Portugal, sendo a sexta casta tinta mais plantada no país

Em boas condições, produz vinhos de cor profunda, com aromas de bagas silvestres, ameixa preta, café, erva seca, tabaco e fumo. Apresenta taninos sólidos, acidez intensa e um grande potencial de envelhecimento.

Aromas típicos: frutos silvestres, ameixa preta, café, tabaco, fumo.


Alfrocheiro

A casta Alfrocheiro encontra o seu território natural na região do Dão, mas também prospera no Alentejo, Tejo e Palmela. É uma casta vigorosa, que necessita de controlo para evitar problemas como o oídio e a podridão cinzenta.

Produz vinhos ricos em cor, com equilíbrio entre álcool, taninos e acidez. Mantém alta acidez e elevados níveis de açúcar, sendo ideal para regiões do Sul.

A casta Alfrocheiro é responsável por cerca de 3% da área total de vinhas plantadas em Portugal.

Aromas típicos incluem bagas silvestres, amora e morango maduro, resultando em vinhos de taninos firmes e delicados


Jaen

É no Dão que a casta Jaen melhor se expressa e onde é mais representada. Vigorosa e de maturação precoce, Jaen tem pouca acidez natural e dificuldades na extração de cor.

Representa cerca de 3% da área vitícola nacional.

Extremamente produtiva, necessita de mondas rigorosas para evitar vinhos aguados e com baixo teor alcoólico. Sensível ao míldio e à podridão, produz vinhos perfumados com notas de amora, mirtilo e cereja. Apesar de sua leve rusticidade, proporciona vinhos macios e sedosos que arredondam rapidamente, resultando em vinhos simples mas sedutores.

Aromas típicos: amora, mirtilo, cereja.


Tinta Barroca

Tinta Barroca é uma das castas mais plantadas no Douro, estando entre as cinco recomendadas para a elaboração do Vinho do Porto.

Ocupa cerca de 3% da área vitícola nacional.

É uma casta pródiga no rendimento e generosa no grau alcoólico, combinando produções elevadas com teores de açúcar elevados. Sensível ao calor excessivo e stress hídrico, passifica facilmente em sobrematurações súbitas. Produz vinhos bem compostos de cor, macios, mas rústicos, com elevado potencial alcoólico.

Aromas típicos: floral.


Sousão (Vinhão)

A casta Vinhão, conhecida como Sousão na região do Douro, é apreciada pelas suas qualidades corantes, originando vinhos de cor vermelha intensa e opacos à luz. Pensa-se que é originária da zona do Minho, onde é a casta tinta mais cultivada.

Ocupa cerca de 2.5% da área vitícola nacional.

Apresenta cachos de tamanho médio com bagos negro-azulados. Os vinhos produzidos com Vinhão têm elevada acidez, sendo por vezes muito acídulos. No Douro, é usada para conferir boa cor ao vinho, incluindo o vinho do Porto.

Aromas típicos: frutos vermelhos, notas herbáceas.


Moreto

A casta Moreto é uma das principais castas dos encepamentos tintos do Alentejo, especialmente nas sub-regiões de Granja-Amareleja, Borba, Redondo e Reguengos.

Ocupa cerca de 1.6% da área vitícola nacional.

É uma casta produtiva e de maturação tardia, com baixos teores de açúcares, sendo geralmente a última a ser vindimada. Destaca-se pela sua elevada robustez e produtividade, ideal para zonas de calor extremo.

Aromas típicos: groselha, ameixa preta, notas terrosas.


Syrah

Entre as castas estrangeiras em Portugal, a Syrah destaca-se pela excelente adaptação ao clima rigoroso do Alentejo. Ajusta-se bem aos verões quentes, longas horas de insolação e temperaturas elevadas.

Ocupa cerca de 1.5% da área vitícola nacional.

Nos solos quentes e pobres do Alentejo, produz vinhos robustos, com muita fruta, pimenta, corpo avantajado, e frequentemente alcoólicos e especiados. Matura cedo, tornando-se abordável desde jovem, com elevado potencial de guarda. Raramente é engarrafada em estreme, mas participa nos lotes de muitos vinhos emblemáticos do Alentejo.

Aromas típicos: pimenta, frutos silvestres.


Cabernet Sauvignon

Cabernet Sauvignon é uma das castas tintas mais famosas do mundo, originária de Bordeaux, França. Conhecida por sua robustez e capacidade de envelhecimento, é amplamente cultivada em várias regiões vitivinícolas globais. Casta cultivada em várias regiões de Portugal, especialmente no Alentejo.

Representa aproximadamente 1% da área vitícola nacional.

É uma casta de maturação tardia, com uvas de pele espessa que produzem vinhos de cor profunda. Prefere climas quentes e solos bem drenados. Produz vinhos com taninos elevados e boa acidez, capazes de envelhecer bem em garrafa.

Aromas típicos: Cassis, folha de tomate, especiarias, cedro, tabaco, menta.


Marufo (Mourisco-Roxo)

A casta Marufo, também conhecida como Mourisco-Roxo, é importante na região do Douro, especialmente na produção de vinho do Porto. Com 2122 hectares cultivados em Portugal (1% da área vitícola nacional), e 1421.2 hectares no Douro (2.9% da área regional), é usada para vinhos tintos de qualidade, rosados aromáticos e espumantes.

Desenvolve-se em climas quentes e solos secos. Produz vinhos de coloração fraca, de rosado a rubi, com aromas de groselha e caramelo de café. Normalmente é usada em lotes com outras castas.

Aromas típicos: groselha, caramelo de café


Nebbiolo

A casta Nebbiolo é uma casta tinta conhecida por produzir vinhos com forte acidez e taninos muito firmes quando jovem.

Ocupa menos de 1% da área vitícola em Portugal, sendo cultivada principalmente em regiões específicas para produções experimentais e boutique. Após 5 a 8 anos de envelhecimento, os vinhos de Nebbiolo transformam-se, ganhando firmeza, teor alcoólico equilibrado e uma cor vermelho-rubi.

Aromas típicos: especiarias, canela, cravo, cereja, ameixa​


Pinot Noir

A Pinot Noir é uma casta francesa, originária da famosa região da Borgonha. Produz vinhos encorpados, com textura sensual e aromas complexos de framboesas, morangos, cerejas e violetas. Com o envelhecimento, desenvolve notas de especiarias como canela e menta.

Ocupa menos de 1% da área vitícola em Portugal, sendo cultivada principalmente em pequenas vinhas experimentais. Sensível a climas húmidos e frios, é propensa à podridão e vírus, e exige cuidados rigorosos na vinificação.

Aromas típicos: morango, frutos silvestres, cereja, violetas.


Rufete

A casta Rufete está particularmente bem adaptada à Beira Interior e é popular nas regiões do Douro, Dão, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Cova da Beira.

Representa aproximadamente 0.26% da área vitícola nacional

É uma casta caprichosa e exigente, sensível ao míldio e oídio, e produtiva, com cachos e bagos de tamanho médio. De maturação tardia, amadurece bem antes das chuvas do equinócio, produzindo vinhos aromáticos, encorpados, frutados e delicados, com bom potencial de envelhecimento.

Aromas típicos: floral, frutos vermelhos.


Padeiro (Padeiro de Basto)

A casta Padeiro, também conhecida como “Padeiro de Basto”, “Tinto Matias”, “Tinto-Cão” e “D. Pedro” no concelho de Braga, é uma casta tinta de qualidade média, autorizada em quase toda a Região Demarcada dos Vinhos Verdes, exceto na Sub-Região de Monção e nos concelhos mais ao sul da região.

Ocupa cerca de 0.2% da área vitícola nacional.

É muito produtiva e origina vinhos de cor vermelha-rubi a vermelha-granada, com aromas e sabores harmoniosos e saborosos típicos da casta.

Aromas típicos: frutos vermelhos, ligeira acidez, notas florais.


Ramisco

Ramisco é uma casta de uvas tintas portuguesa, cultivada principalmente na região Colares DOC. Associada intimamente a Colares, em Sintra, é plantada em pé-franco nos solos arenosos perto da costa atlântica.

Representa cerca de 0.2% da área vitícola nacional.

Caracteriza-se por elevada acidez natural, baixo volume alcoólico e alta carga tânica. O ciclo vegetativo é tardio, com maturação lenta. Produz vinhos com taninos marcados e adstringentes, ideais para envelhecimento, transformando-se em vinhos elegantes com o tempo.

Aromas típicos: frutos vermelhos, notas terrosas.


Tinto Cão

A casta Tinto Cão está presente no Douro e mais recentemente introduzida no Dão. Devido à sua produtividade incrivelmente baixa, a sua sobrevivência já esteve em risco. Possui cachos muito pequenos e é uma variedade de maturação tardia. A sua película densa e grossa garante-lhe resistência a míldio e podridão.

Representa cerca de 0.2% da área vitícola nacional.

Produz vinhos com um equilíbrio perfeito entre taninos, acidez e açúcar, com suavidade e dureza dos taninos. É frequentemente lotada com castas como Touriga Nacional e Aragonez. Os vinhos são carregados de cor, com aromas delicados e florais.

Aromas típicos: floral


Touriga-Fêmea

A Touriga-Fêmea é uma casta pouco comum em Portugal, representando aproximadamente 0.02% da área vitícola nacional. Esta casta é especialmente cultivada na região do Douro, onde também é conhecida como Touriga Brasileira. Provavelmente resultante de um cruzamento natural entre Touriga Nacional e Malvasia Fina, a Touriga-Fêmea é valorizada pela sua ligação íntima ao Douro e pela contribuição única que traz para a diversidade vitivinícola da região.

Os vinhos produzidos com esta casta são conhecidos por serem bem estruturados, com um equilíbrio notável entre taninos e acidez, o que permite um bom potencial de envelhecimento. Apesar da sua presença limitada, a Touriga-Fêmea desempenha um papel importante na produção de vinhos de alta qualidade.

Aromas típicos: notas florais e frutadas ainda não bem documentadas devido à sua raridade.