No passado dia 21 de janeiro de 2025, o Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, foi palco do seminário “O Mercado do Vinho”.
Este evento, promovido pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), reuniu especialistas, distribuidores e produtores com o objetivo de debater os principais desafios e oportunidades no setor vinícola.
Durante o evento, Rúben Fernandes, representante do Continente/MC Sonae, destacou o papel central que a empresa desempenha na promoção e comercialização de vinhos em Portugal.
O seu discurso abordou a importância estratégica do segmento de vinhos para o Continente, tanto no ponto de venda físico como no canal digital, reforçando o compromisso da marca com a inovação, a qualidade e a adaptação às novas exigências dos consumidores.
O Continente, parte do grupo Sonae MC, é uma das maiores e mais reconhecidas cadeias de retalho em Portugal, com mais de 300 lojas em todo o país. A marca adapta-se às necessidades dos consumidores com diferentes formatos, incluindo hipermercados, supermercados Continente Modelo e mais de 180 unidades Continente Bom Dia, que empregam cerca de 8.000 colaboradores.
Além das lojas físicas, o Continente destaca-se pela forte presença online, consolidando-se como líder no setor de retalho alimentar.
Em 2023, a Sonae MC contou com 38.000 colaboradores e anunciou um investimento de 35 milhões de euros na abertura de 16 novas lojas. No mesmo ano, registou um volume de negócios de 6,6 mil milhões de euros, um crescimento de 10,5% face ao ano anterior, reforçando o seu compromisso com a expansão e a modernização.
Inovação no Ponto de Venda e Valorização dos Vinhos
Rúben Fernandes começou por sublinhar a relevância do setor de vinhos no portefólio do Continente, referindo que a marca é “uma empresa de bilhões” e que o segmento de vinhos é “seguramente muito acarinhado dentro das lojas”.
Ele destacou a aposta crescente nas demonstrações de produtos diretamente no ponto de venda como uma forma de fortalecer a ligação com os clientes. “Incentivamos cada vez mais as demonstrações de produtos, valorizando a qualidade dos nossos vinhos junto do cliente”, afirmou.
Fernandes revelou que o Continente já conta com 83 lojas com espaços exclusivos para vinhos, evidenciando o compromisso da empresa em melhorar a experiência dos consumidores e potenciar as vendas, tanto em quantidade como em valor.
A venda de vinhos nas lojas “Continente”, em termos de valor, manteve-se relativamente estável, registando um crescimento moderado entre 2022 e 2023, seguido de uma ligeira descida em 2024.
O volume de vendas, por outro lado, apresentou uma tendência de diminuição, refletindo alterações nos hábitos de consumo, uma maior moderação no consumo de álcool ou mudanças nas preferências dos consumidores.
A estabilidade no valor do mercado, mesmo perante uma redução no volume de vendas, pode ser explicada pela pressão sobre os preços e pela crescente valorização da qualidade em detrimento da quantidade.
Rúben Fernandes apresenta as principais tendências do mercado de vinhos na distribuição, destacando o crescimento contínuo dos vinhos tranquilos certificados, que se consolidam como o segmento mais relevante. Apesar deste crescimento em termos de valor, verifica-se uma ligeira redução no volume vendido.
Por outro lado, os vinhos tranquilos não certificados apresentam uma tendência de queda tanto em valor como em volume, refletindo um possível enfraquecimento da procura.
Já os vinhos fortificados registam uma evolução positiva em valor, mas com uma redução progressiva no volume consumido.
Os vinhos espumantes nacionais demonstram um crescimento inicial, seguido de uma ligeira retração, o que indica oscilações na procura ao longo do período analisado.
De forma geral, o mercado de vinhos revela uma segmentação mais evidente, com um aumento no valor dos vinhos certificados e uma redução na comercialização em volume nos diferentes tipos de vinho.
Fernandes apresenta uma análise sobre a tendência de crescimento das vendas de vinho em diferentes regiões de Portugal, destacando especialmente o Alentejo e o Douro como as duas principais regiões em volume de vendas.
Marcas Próprias e Desafios do Mercado
No seu discurso, Rúben Fernandes abordou o papel crescente das marcas próprias no setor, destacando a evolução significativa que têm registado.
“Observamos também as marcas próprias, havendo alguma mudança no mercado. Não apenas pelo foco nas marcas próprias, mas também porque existe um autotreino de consumo mais atento ao valor e à qualidade”, explicou.
Ele destacou, no entanto, os desafios associados à pressão nos preços de compra e aos custos operacionais, num contexto onde os consumidores estão cada vez mais sensíveis ao preço.
“Há uma maior procura por produtos de qualidade a preços acessíveis, o que exige mais competitividade e inovação”, afirmou.
Tendências de Consumo: Gerações Jovens e Digitalização
Outro ponto-chave do discurso foi a análise das novas tendências de consumo, especialmente entre as gerações mais jovens. Fernandes sublinhou que estes consumidores estão mais atentos à sustentabilidade e às práticas ecológicas, além de procurarem mais informação sobre os produtos que consomem.
“Existe uma maior procura pela informação, essencialmente nas gerações mais jovens, e pela comunicação em canais digitais, mais interativos e personalizados”, destacou.
Ele também previu mudanças no comportamento do consumidor, incluindo uma moderação no consumo de álcool e um foco crescente em boas práticas ambientais.
“Em dois anos, veremos consumidores mais atentos às promoções e cada vez mais inclinados para práticas sustentáveis”, afirmou.
Personalização e Futuro Virtual
Fernandes destacou ainda a importância da personalização, tanto na oferta de produtos como na experiência de compra. Com a digitalização em ascensão, mencionou a possibilidade de provas de vinhos realizadas em ambientes virtuais como uma tendência futura.
“Não estaremos muito longe de realizar as mesmas atividades, mas em casa, num ambiente virtual, criando momentos personalizados para os consumidores”, comentou.
A aplicação Continente foi apontada como uma ferramenta fundamental na estratégia da empresa.
“A nossa aplicação tem sido uma ferramenta de grande sucesso, com funcionalidades personalizadas, como o calendário de vinhos, que teve uma aceitação fenomenal”, revelou.
Além disso, referiu as dinâmicas nas redes sociais, onde o Continente tem estado na linha da frente.
Rúben Fernandes concluiu o seu discurso reiterando o compromisso do Continente com a promoção de vinhos de qualidade e a valorização da produção nacional.
Destacou o papel do Continente Online, que considera “a nossa melhor loja”, e o esforço contínuo para oferecer uma gama diferenciadora e inovadora.
“Através da educação, inovação e personalização, queremos garantir que estamos a oferecer aos nossos clientes a melhor experiência possível”, afirmou Rúben Fernandes.
