O setor vitivinícola português está a enfrentar um ano desafiador, com uma previsão de colheita que aponta para uma diminuição de 8% na produção de vinho na campanha 2024/2025 em comparação com o ano anterior.
De acordo com a Nota Informativa N.º 08/2024 do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), esta campanha deverá produzir cerca de 6,9 milhões de hectolitros, um volume que, embora esteja em linha com a média das últimas cinco campanhas, reflete as adversidades climáticas e fitossanitárias que afetaram várias regiões vitivinícolas do país
A diminuição global da produção é evidente na maioria das regiões vitivinícolas, com destaque negativo para as regiões de Lisboa (-15%) e do Alentejo (-10%), que juntas enfrentam uma redução superior a 350 mil hectolitros.
Essas quebras significativas estão associadas a uma combinação de fatores, como condições meteorológicas adversas e a proliferação de doenças como o míldio, que afetaram o desenvolvimento das videiras.
No entanto, algumas regiões apresentam uma previsão de aumento na produção, como Trás-os-Montes (+8%) e Beira Interior (+15%), onde as condições climáticas foram mais favoráveis, permitindo um melhor desenvolvimento das vinhas e uma produção em boas condições sanitárias.
Em Távora-Varosa, a produção deve manter-se estável, refletindo um equilíbrio entre os desafios enfrentados e as condições climáticas relativamente favoráveis.
Análise por Região Vitivinícola
Vinho Verde: A produção nesta região deve cair 5%, influenciada por problemas como o míldio e o Black Rot, que surgiram devido às elevadas temperaturas e precipitações. A floração tardia também contribuiu para a redução esperada.
Trás-os-Montes: A região espera um aumento de 8% na produção, com uma primavera quente e chuvosa que beneficiou o desenvolvimento das uvas, resultando em uma colheita de alta qualidade.
Douro: Prevê-se uma redução de 5% na produção. Apesar das boas condições na floração, episódios de míldio e escaldão afetaram negativamente o rendimento.
Bairrada: A região enfrenta uma queda acentuada de 15%, devido a ataques de míldio e oídio que ocorreram no início do ciclo vegetativo.
Dão: Também prevê uma redução de 15%, impactada por fenómenos de desavinho e míldio, apesar dos esforços de tratamento.
Beira Interior: A região espera um aumento de 15%, com as videiras beneficiando-se de condições climáticas favoráveis, apesar de alguns desafios com doenças.
Tejo e Península de Setúbal: Ambas as regiões preveem uma queda de 5%, influenciadas por ataques de míldio e problemas durante a floração.
Alentejo: Prevê uma diminuição de 10%, com escaldão e desidratação das uvas devido às altas temperaturas, antecipando o início das vindimas.
Algarve: Com um aumento esperado de 7%, a região beneficia da entrada em produção de novas vinhas e condições de crescimento favoráveis.
Madeira e Açores: Ambas as regiões enfrentam uma previsão de redução, com 14% na Madeira e 15% nos Açores, devido a condições climáticas adversas durante a floração e ataques de míldio.
A campanha 2024/2025 apresenta um cenário de desafios significativos para os viticultores portugueses, que terão de lidar com as consequências das variações climáticas e das doenças que afetaram as vinhas.
As regiões que conseguiram escapar aos piores efeitos poderão capitalizar em cima da qualidade das uvas produzidas, enquanto outras terão de enfrentar a realidade de uma produção reduzida.
Além disso, as decisões tomadas nas próximas semanas, especialmente no controle fitossanitário e no manejo das vinhas até à vindima, serão cruciais para determinar a qualidade final dos vinhos desta campanha.
A previsão de colheita para 2024/2025 ressalta a necessidade de uma gestão cuidadosa e de medidas proativas para enfrentar as adversidades climáticas e sanitárias.
O setor vitivinícola português, conhecido pela sua resiliência, terá que demonstrar mais uma vez a sua capacidade de adaptação e inovação para manter a qualidade e a competitividade dos seus vinhos no mercado global.