O setor vitivinícola mineiro tem registado um crescimento significativo nos últimos anos, graças a inovações técnicas como a dupla poda e à crescente procura pelo enoturismo no Brasil.
Este desenvolvimento faz parte de uma estratégia mais ampla de diversificação económica e promoção do turismo rural no estado.
A recente assinatura de um protocolo de intenções pelo governador Romeu Zema para a criação de uma Rota dos Vinhos em Minas Gerais reflete a vontade do estado de se posicionar como um dos principais centros de produção de vinho e enoturismo do país.
Crescimento Exponencial da Produção de Vinho
Tradicionalmente conhecida pela produção de café, laticínios e outros produtos agrícolas, Minas Gerais viu a sua indústria vinícola emergir como um setor promissor.
O número de produtores de vinho registados no estado duplicou entre 2020 e 2024, passando de 50 para 100.
Este aumento reflete não só o crescente interesse pela produção de vinho, mas também a eficácia de técnicas modernas, como a dupla poda, que permite que as colheitas sejam realizadas em diferentes épocas do ano, melhorando a eficiência da produção.
O objetivo do estado é expandir anualmente a área cultivada com uvas em 250 hectares, com uma previsão de produção de até 4 mil toneladas de fruta e 2,4 milhões de litros de vinho quando todas as áreas estiverem em plena produção.
Este crescimento é apoiado por uma rede de suporte técnico liderada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que oferece apoio experimental e técnico a novos produtores, consolidando Minas Gerais como um importante centro de inovação e qualidade na produção de vinho.
Potencial do Enoturismo
O enoturismo, que combina a apreciação do vinho com experiências turísticas em vinhedos e adegas, tem-se revelado uma alavanca crucial para o desenvolvimento económico das regiões produtoras.
Em Minas Gerais, a criação de uma Rota dos Vinhos visa transformar o estado num destino de eleição para os amantes do vinho, aumentando o fluxo de turistas e gerando rendimento para as comunidades locais.
O sucesso do setor vitivinícola mineiro deve-se ao apoio de várias instituições. Curiosamente, 85% das vinícolas no Brasil investiram no enoturismo, acompanhando um aumento anual no número de visitantes de até 15%.
O desenvolvimento da indústria vitivinícola no Brasil poderá ter impacto nas exportações de vinhos portugueses para este país, uma vez que cada governo tende a fornecer apoio económico aos seus próprios produtores de vinho.
No entanto, todos reconhecem a qualidade dos vinhos portugueses, seja o Vinho Verde, o Vinho do Porto ou os Vinhos Tintos do Alentejo e etc…
Espera-se que os produtores de vinho portugueses não percam a sua quota de mercado no Brasil, recordando que o Brasil ocupa o terceiro lugar nas importações de vinhos portugueses.
O enoturismo complementa de forma harmoniosa a venda de vinhos.
Quando uma pessoa visita uma adega, vê como o vinho é produzido, conhece a história da adega e dos vinhos que esta produz, formando essas conexões invisíveis chamadas preferências.
É da natureza humana confiar no que se conhece e evitar o que não é familiar. Após visitar uma adega, a pessoa procurará nas lojas os vinhos que já conhece para comprar.
Na nossa opinião, visitar uma adega tem um efeito muito maior do que a publicidade convencional de vinhos.