Vivência centrada no produto e no conhecimento
A edição inaugural do PROVE Vinho & Queijo, realizada em Coimbra, destacou-se pelo seu foco na qualidade dos produtos e na proximidade com os produtores. O evento decorreu nos claustros do Convento de São Francisco, reunindo vinhos e queijos com certificação DOP e DOC das regiões do Centro de Portugal, num ambiente de partilha estruturada de conhecimento.
Ao longo de três dias, os visitantes puderam participar em provas dos vinhos e queijos orientadas e interações diretas com os produtores, explorando em detalhe os processos de produção, os critérios de certificação e as características sensoriais dos produtos apresentados. A programação foi desenhada para compreender as especificidades de cada referência vínica e queijeira.
O encontro com o território: vinhos e queijos DOP como embaixadores
A força do evento esteve na qualidade dos produtos apresentados e na autenticidade dos seus representantes. As regiões da Bairrada, Dão e Beira Interior estiveram em grande destaque com vinhos DOC, desde espumantes brutos de Baga até brancos frescos de altitude e tintos encorpados de Encruzado e Touriga Nacional.
Já os queijos — todos com Denominação de Origem Protegida (DOP) — vieram das zonas da Beira Baixa, Rabaçal e Serra da Estrela, mostrando perfis distintos, mas unidos por um mesmo rigor artesanal.
A experiência permitiu aos visitantes compreender como fatores como a alimentação do gado, a estação do ano ou o método de cura afetam profundamente o produto final. A valorização da certificação nacional (DOP/DOC/IGP) esteve no centro da mensagem do evento, consolidando a confiança do consumidor e elevando a notoriedade dos produtos portugueses.
Masterclasses: conhecimento técnico e diálogo com especialistas
A masterclass conduzida por Luísa Barros (KIWA), com moderação do crítico gastronómico Edgardo Pacheco, destacou-se pela abordagem rigorosa à avaliação sensorial e tecnológica dos queijos DOP da Beira Baixa: Amarelo, Castelo Branco e Picante.
A sessão centrou-se na relação entre composição do leite, terroir, estação do ano e qualidade final do produto, expondo os fatores que influenciam a textura, o sabor, a coloração e as características visuais dos queijos.
Luísa Barros detalhou os critérios utilizados por técnicos especializados para avaliar queijos em contexto de certificação, clarificando como se constroem os perfis sensoriais e o que distingue produtos com selo DOP.
Os participantes receberam três harmonizações concretas, cada uma discutida em grupo:
- Queijo Beira Baixa DOP Amarelo com Souvall Seara Branco DOC Beira Interior
- Queijo Beira Baixa DOP Castelo Branco com Pedra Cancela Vinha da Fidalgo, Encruzado Dão
- Queijo Beira Baixa DOP Picante com Aplauso Bruto Natural, Baga da Bairrada
Edgardo Pacheco incentivou a troca de impressões entre participantes e especialistas, sublinhando a importância da leitura crítica do paladar e da memória gustativa. Foram também abordadas recomendações práticas sobre armazenamento de queijos e condições ideais de conservação.
A sessão reforçou o valor da certificação dos produtos nacionais, não apenas como selo de qualidade, mas como instrumento de valorização dos mercados regionais e de diferenciação no consumo informado.
Um evento com alma
Para além das provas e sessões especializadas, o ambiente geral do evento refletiu hospitalidade e autenticidade. Os stands de pão artesanal, padarias, quintas, doçarias e produtos regionais proporcionaram sabores complementares, enquanto o sunset com DJ da RFM trouxe um momento de convívio mais leve, sem quebrar o espírito do evento.
Como diz o provérbio português: “Pão com olhos, queijo sem olhos e vinho que salte aos olhos” — na simplicidade do pão, do queijo e do vinho, encontra-se um mundo inteiro, para quem sabe olhar com atenção.
