No passado dia 21 de janeiro de 2025, o Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, acolheu o seminário “O Mercado do Vinho”, uma iniciativa conjunta da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Este evento reuniu especialistas, distribuidores, produtores e académicos para discutir os principais desafios e oportunidades no setor do vinho português.
Sessão de Abertura: 30 Anos de Cooperação
Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, e José António Nogueira de Brito, presidente da APED, destacaram o papel da parceria entre as duas entidades, que já conta com três décadas de história. Ambos os oradores salientaram a necessidade de um esforço coletivo para garantir maior valorização da produção nacional e promover a cooperação entre os agentes da cadeia agroalimentar.
Mendonça e Moura enfatizou: “Estamos longe de alcançar uma distribuição justa de valor ao longo da cadeia agroalimentar, mas é essencial continuarmos este trabalho colaborativo para garantir um futuro sustentável para o setor.”
Nogueira de Brito complementou: “O consumidor moderno exige qualidade e sustentabilidade, mas a preços competitivos. Este equilíbrio é o grande desafio que enfrentamos enquanto setor.”
Evolução do Mercado e Tendências
No painel moderado por Gonçalo Lobo Xavier, representantes das principais cadeias de distribuição apresentaram um panorama sobre as vendas de vinho em 2024.
Rúben Fernandes (Continente/MC Sonae) destacou que, apesar da redução no consumo em volume, houve um aumento na valorização, com os vinhos premium a liderarem o crescimento.
Pedro Carvalho (Pingo Doce/Jerónimo Martins) sublinhou a importância de diversificar a oferta, com destaque para novas castas e regiões menos conhecidas, como a Beira Interior.
Pedro Pinto (Auchan) apontou que formatos alternativos, como sangrias e vinhos em bag-in-box, podem ser uma oportunidade para atrair novos consumidores.
Mercados Externos: Estratégias de Promoção
Luís Mira, secretário-geral da CAP, fez uma apresentação sobre as ações realizadas para promover os vinhos portugueses no exterior:
“Ao longo dos últimos 10 anos, organizámos mais de 100 iniciativas em 20 países, envolvendo 170 empresas, sempre com o objetivo de abrir novos mercados para o vinho português.”
Ele apresentou o plano de ação para 2025, que inclui quatro tours em 10 países e eventos personalizados, como jantares vínicos e masterclasses: “Vamos apostar em mercados estratégicos como Miami, Tailândia, Malásia e Singapura, procurando criar oportunidades de negócios sólidas para os nossos produtores.”
Perspetivas de Mercado
Tiago Montenegro, da NielsenIQ, analisou os dados do setor, destacando o impacto da inflação na redução do consumo em volume (-3,4%) e o aumento do preço médio (+4%). Montenegro reforçou o papel do turismo no crescimento das vendas em valor, especialmente em regiões como o Alentejo e o Douro, que registaram desempenhos muito positivos.
“Portugal é um destino turístico de excelência, e o vinho é um produto-chave na experiência dos visitantes. É essencial reforçarmos a nossa presença em mercados externos e apostarmos na qualidade e diferenciação.”, concluiu.
Durante a semana, publicaremos artigos mais detalhados sobre cada uma das intervenções dos oradores.
Conclusão
O seminário deixou claro que, apesar dos desafios, o setor do vinho português tem um enorme potencial de crescimento. A aposta na inovação, na sustentabilidade e na colaboração entre produção e distribuição são caminhos essenciais para consolidar a posição de Portugal no mercado global.
O evento encerrou com palavras de Luís Mira:“Desejo que 2025 seja um ano de muitas vendas e que possamos continuar a valorizar o nosso vinho e quem o produz.”